O Gênio da Garrafa Pet
por Claudio Gonçalves
Nobres Coletoras
Das lembranças daquele tempo, não sabe dizer quando olhou para trás.
Aquela longa e insólita viagem da baiana de vinte e quatro anos, de olhos tristes, mas esperançoso, trazia consigo além de uns poucos cacarecos, o filho de quase um ano nos braços.
Na janela do ônibus, o reflexo de seu rosto faminto e angustiado, denunciava o tamanho da esperança no brilho do olhar. Enquanto na dimensão externa da janela a exuberância das Araucárias revelava a distancia que percorrera, adormecia as dores sofridas na terra seca tão querida, que deixara ao longe
Selma conta este ano, um ano a mais que os cinquenta que já viveu dividindo em duas historia, próprias de uma só historia, a de sua vida.

Seu olhar ainda guarda aquele brilho e a lembrança daquela paisagem de Araucárias, que não se vê mais facilmente, no lugar delas, agora somente as gigantescas plantações do soja, milho e trigo.
Aquele menino; seu primeiro filho, hoje é um homem, e tem seis irmãos, que como ele, Selma criou com muito esforço e sacrifício coletando pelas ruas da cidade, mais da metade de sua vida. Cidade que ela adotou ao chegar com sua esperança, e que não eram esperada; pelo menos não pela generosidade da própria sorte.
Em seu destino encontrou apenas dificuldades; alias muitas e desconhecidas dificuldades, encontrou sim, luz na dificuldade dos outros. Outros como a conterrânea Elizete.
Pouco mais jovem que Selma, ela tem história semelhante e a mesma origem. Em sua jornada, uma migração não menos dramática e tão quanto difícil.
Elizete encontrou um caminho entre as pedras, e para esse caminho percorrer, deu as mãos a sua nova amiga, juntas, Selma e Elizete encontraram na coleta, a resistência para sobreviver, um ponto de luz, na tênue linha entre a pobreza e a miséria absoluta.
Tudo que sobra nas lixeiras domésticas é aproveitado e trocado por recursos para sobrevivência no dia a dia dessas famílias e de muitas outras.
As duas mulheres melhoraram suas vidas, e como elas mesmas dizem, ”Nunca mais passamos fome”. Além do que, dos quatro filhos que Elizete criou na terra das Araucárias, dois deles, e seu marido vivem sob o mesmo teto, todos os dias tem alimento em sua mesa.
A consciência das duas amigas evoluiu nos dias modernos, e elas se acham parte desse tal documento japonês (é assim que elas se referem ao Protocolo de Quioto)
Selma e Elizete acreditam que agora com esse modismo serão vistas de outra forma e talvez as pessoas que ganharão dinheiro com isso, possam colaborar com os coletores, separando as coisas que jogam na lixeira. Isso, seria uma ajuda valiosa, e uma forma de respeito ás pessoas que tem que manipular o lixo.
Na maioria das vezes a presença dessas pessoas é ignorada e muitas vezes despercebida pelo preconceito oferecido aos mais humildes. Elas porem, não dão muita importância pra este fato, e ainda se sentem orgulhosa de suas atividades, já que atualmente há um apelo pra que se pratique a seleção do lixo, na intenção de separar o lixo útil e transforma-lo em novos produtos.
O futuro? O futuro para elas se resume em uma única frase:
"Quem sabe as nossas crianças não precisem fazer o que estamos fazendo agora, para criar os seus." Este foi o primeiro pedido que estas mulheres fizeram ao Gênio da Garrafa Pet.
Os filhos de Selma-
Selma e Elizete encontraram a Garrafa Pet que aprisionava o Gênio que deu a elas o direito a três desejos. Esta é a historia de realização apenas um deles.
por Claudio Gonçalves
Nobres Coletoras
Das lembranças daquele tempo, não sabe dizer quando olhou para trás.
Aquela longa e insólita viagem da baiana de vinte e quatro anos, de olhos tristes, mas esperançoso, trazia consigo além de uns poucos cacarecos, o filho de quase um ano nos braços.
Na janela do ônibus, o reflexo de seu rosto faminto e angustiado, denunciava o tamanho da esperança no brilho do olhar. Enquanto na dimensão externa da janela a exuberância das Araucárias revelava a distancia que percorrera, adormecia as dores sofridas na terra seca tão querida, que deixara ao longe
Selma conta este ano, um ano a mais que os cinquenta que já viveu dividindo em duas historia, próprias de uma só historia, a de sua vida.

Seu olhar ainda guarda aquele brilho e a lembrança daquela paisagem de Araucárias, que não se vê mais facilmente, no lugar delas, agora somente as gigantescas plantações do soja, milho e trigo.
Aquele menino; seu primeiro filho, hoje é um homem, e tem seis irmãos, que como ele, Selma criou com muito esforço e sacrifício coletando pelas ruas da cidade, mais da metade de sua vida. Cidade que ela adotou ao chegar com sua esperança, e que não eram esperada; pelo menos não pela generosidade da própria sorte.
Em seu destino encontrou apenas dificuldades; alias muitas e desconhecidas dificuldades, encontrou sim, luz na dificuldade dos outros. Outros como a conterrânea Elizete.
Pouco mais jovem que Selma, ela tem história semelhante e a mesma origem. Em sua jornada, uma migração não menos dramática e tão quanto difícil.
Elizete encontrou um caminho entre as pedras, e para esse caminho percorrer, deu as mãos a sua nova amiga, juntas, Selma e Elizete encontraram na coleta, a resistência para sobreviver, um ponto de luz, na tênue linha entre a pobreza e a miséria absoluta.
Tudo que sobra nas lixeiras domésticas é aproveitado e trocado por recursos para sobrevivência no dia a dia dessas famílias e de muitas outras.
As duas mulheres melhoraram suas vidas, e como elas mesmas dizem, ”Nunca mais passamos fome”. Além do que, dos quatro filhos que Elizete criou na terra das Araucárias, dois deles, e seu marido vivem sob o mesmo teto, todos os dias tem alimento em sua mesa.
A consciência das duas amigas evoluiu nos dias modernos, e elas se acham parte desse tal documento japonês (é assim que elas se referem ao Protocolo de Quioto)
Selma e Elizete acreditam que agora com esse modismo serão vistas de outra forma e talvez as pessoas que ganharão dinheiro com isso, possam colaborar com os coletores, separando as coisas que jogam na lixeira. Isso, seria uma ajuda valiosa, e uma forma de respeito ás pessoas que tem que manipular o lixo.
Na maioria das vezes a presença dessas pessoas é ignorada e muitas vezes despercebida pelo preconceito oferecido aos mais humildes. Elas porem, não dão muita importância pra este fato, e ainda se sentem orgulhosa de suas atividades, já que atualmente há um apelo pra que se pratique a seleção do lixo, na intenção de separar o lixo útil e transforma-lo em novos produtos.
O futuro? O futuro para elas se resume em uma única frase:
"Quem sabe as nossas crianças não precisem fazer o que estamos fazendo agora, para criar os seus." Este foi o primeiro pedido que estas mulheres fizeram ao Gênio da Garrafa Pet.
Os filhos de Selma-
Selma e Elizete encontraram a Garrafa Pet que aprisionava o Gênio que deu a elas o direito a três desejos. Esta é a historia de realização apenas um deles.
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