sexta-feira, 23 de março de 2012

CIDADE NUA NOBRES COLETORAS

CIDADE NUA
NOBRES COLETORAS




























Das lembranças daquele tempo, não se lembra se olhou pra trás.Aquela longa e insólita viagem da baiana de vinte e quatro anos, de olhos tristes, mas; esperançosos, trazia consigo alem de uns poucos cacarecos, o filho de quase um ano.Na janela do ônibus, o reflexo de seu rosto denunciava o tamanho da esperança no brilho do olhar que trazia. Enquanto na dimensão externa da janela a exuberância das Araucárias se revelava com magnificênciaSelma conta este ano um ano a mais que os cinqüenta que já viveu, dividindo em duas historias próprias; de uma só vida.Seu olhar ainda guarda aquele brilho e a lembrança daquela paisagem de Araucárias que não se vê mais facilmente.Aquele menino; seu primeiro filho, hoje é um homem e, tem seis irmãos que como ele Selma criou com muito esforço e sacrifício: parte pisando a terra vermelha e outra coletando pelas ruas da cidade; coisa que faz até hoje. Mais de um terço de sua vida.Na cidade que ela adotou com sua esperança; ao chegar não era esperada; “pelo menos não pela generosidade da própria sorte.”Em seu destino encontrou apenas dificuldades; alias muitas e desconhecidas dificuldades.Encontrou sim, luzes nas dificuldades dos outros um verdadeiro aprendizado. Outros, como a conterrânea Elizete, outra baiana com a mesma luta e que não sofreu menos.Pouco mais jovem que Selma, Elizete tem história semelhante e a mesma origem.Em sua jornada; também uma migração não menos dramática e muito difícil.Elizete encontrou um caminho entre as pedras e pra esse caminho percorrer, deu as mãos a sua nova amiga. Juntas encontraram na coleta a resistência para sobreviver.Tudo que sobra nas lixeiras domésticas é aproveitado e trocado por recursos para sobrevivência no dia-a-dia dessas famílias e de muitas outras que foram se juntando se unindo ao logo desses anos todos.Elizete e Selma melhoraram suas vidas e como elas mesmas dizem, ”nunca mais passamos fome”. Alem do que; dos quatro filhos que Elizete criou na terra das Araucárias, dois deles e seu marido vivem sob o mesmo teto e, todos os dias eles tem o alimento em sua mesa.A consciência das duas amigas evoluiu nos dias modernos e elas se acham parte desse tal documento japonês. (é assim que elas se referem ao Protocolo de Quioto em reportagem de 28 de outubro de 2007)Selma e Elizete acreditam que agora com esse modismo serão vistas de outra forma e talvez as pessoas que ganharão dinheiro com isso poderão colaborar com os coletores separando as coisas que jogam na lixeira. Isso seria uma ajuda valiosa e uma forma de respeito ás pessoas que tem de manipular o lixo.Na maioria das vezes a presença dessas pessoas é ignorada e, despercebida, pelo preconceito oferecido aos mais humildes. Elas porem, não dão muita importância pra este fato e ainda se sentem orgulhosa de suas atividades, já que atualmente há um apelo para que se pratique a seleção do lixo; na intenção de separar o lixo útil e transforma-lo em novos produtos. O futuro? O futuro para elas se resume em uma única frase:..."Quem sabe as nossas crianças não precisem fazer o que estamos fazendo agora, para criar os seus."( Elizete e Selma, catadoras de lixo sim snhô)Esta obra faz apologia ao reconhecimento da importância do trabalho desses nobres e sofridos coletores princialmente os idosos que ainda tem que dar um duro danado pra sobreviver. “Brasileiros”Adaptação baseada no cotidiano e realidade das pessoas que encontraram na coleta do lixo útil, a sua humilde subsistência, desamparados; eles têm a si próprio e, o dia e a noite para a busca incessante de sua própria sobrevivênciaSul do Brasil, 28 de outubro de 2007Claudio Gonçalves

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