quarta-feira, 31 de março de 2010

O MENINO DA LUZ

O MENINO DA LUZ


O MENINO DA LUZ
Pela manhã, logo cedo com os olhos ainda inebriados ansiosos por ver as primeiras cores da manhã, sem um aceno peguei de pronto minha câmera e um pequeno pedaço de uma macia flanela..
Delicadamente acariciava o cristal de minha lente, cabisbaixo, compenetrado, via em segundo plano os pedregulhos de uma extensa faixa que apara as águas das chuvas em frente o meu quarto, na pousada.
Num lampejo percebi cores diferentes entre a diversidade de formas e tons daquelas pedrinhas e nem me ative conscientemente.
As cores penetraram minha mente como se gritassem bem alto, um som que somente as cores têm em comum.
Minha lente - agora polida por aquele paninho- refletia a luz com maestria e encanto, tons e nuances se misturavam como um pintor mistura suas luzes na ponta do pincel.
Mais atento àquela maravilhosa sessão matutina de vida, percebi que algo mais se juntava entre as cores. Voltei rapidamente meu olhar àquele contraste de cores, que segundos antes, havia percebido entre os pedregulhos. Mais atento agora, pude perceber as formas.
Menino das luzesUma bolinha com tonalidades que iam do salmão a pérola e ao seu lado um pequeno pentágono em ébano com quatro pedrinhas diamantadas separadas por duas linhas prateadas que se cruzavam. Novamente me voltei à acariciar minha delicada lente, com aquelas imagens dominando minha atenção. O som daquelas cores começava a fazer sentido para mim enquanto minha lente se abria como uma grande tela de cinema. As cores misturadas e suas nuances projetavam a silhueta de uma criança; um menino.
Pequeno, muito ativo, fazia gestos espontâneos como se houvesse alguém a seu lado e à esse alguém quisesse me apresentar. Corria, brincava como se num mundo de esperança, magia e ilusões singulares. Intrigante aquele menino que acabara de conhecer e já estava por ele apaixonado; pelo seu jeito de ver a vida de ver o mundo ao seu redor, de ver sua esperança e o modo especial com que ele acreditava e amava o ser humano.
Não aparentava nem ostentava posses ou riquezas materiais, mas seu espírito, sua alma era algo que reluzia todas as cores do Arco Íris embaladas por uma musica angelical que denunciava a presença de Deus em sua ínfima alma.
Minhas mãos já não acariciavam a lente e buscavam saber naquele momento á resposta a pergunta que não se calava. Mas onde esta a menina? Sim!. Se a bolinha de tons que iam do salmão à pérola me trouxe a imagem daquele menino, o que me traria ou quem me traria aquele reflexo do pequeno pentágono em ébano com quatro pedrinha diamantadas separadas por duas linhas prateadas? Que alias se identificava em minha mente como um objeto de menina e talvez à ela eu fosse apresentado naquele momento.
Num lampejo novamente me ative aos pedregulhos e trazendo de volta meu olhar para a lente me surpreendi com meu próprio reflexo nela; dela havia desaparecido o menino dando lugar a minha imagem, um velho aprendiz de mim mesmo.
Entendi de imediato todo aquele significado estupendo que fez com que meu dia tivesse um inicio mais que divino, de lembranças maravilhosas de minha infância próximos de meus saudosos pais, que tão cedo se foram.
Aquele menino me apontava quem sou hoje; um velho aprendiz de mim mesmo. O pequeno pentágono em ébano com quatro pedrinhas diamantadas separadas por duas linhas prateadas reluzia a minha concepção no brilho dos olhos de meus pais.
Vejo a vida pelo seu lado mais bonito; do outro tiro as lições, meu aprendizado.
Amo e respeito a mim mesmo; pois; penso que primeiro temos que nos respeitar e amar e assim sermos capazes de amarmos e respeitarmos nosso próximo, nossos filhos, nossos irmãos, nossos colegas e nossos mestres.
Feliz; sei que não sou o único, pois em meu caminho tenho encontrado muitos, que como eu, dão e tiram da vida o que nela há de melhor.
Deus me presenteou a vida quando minha vida ainda era o brilho nos olhos de meus queridos pais.
Claudio Gonçalves

Março de 2010

Nenhum comentário: